Transtorno de ansiedade (TA) na infância e na adolescência

  • 25/06/2020
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A ansiedade é um transtorno mental de etiologia multifatorial determinadas tanto por questões ambientais quanto por herança biológica: ter um dos pais com transtorno de ansiedade aumenta em muito o risco de uma criança ser ansiosa. Isso acontece mesmo quando a criança não é criada por seus pais biológicos, evidenciando a grande herdabilidade desse quadro.
Os comportamentos ansiosos e os transtornos de ansiedade (TA), ainda que pouco discutidos, são um grande problema de saúde pública. Em primeiro lugar pelo número de pessoas afetadas: estudos epidemiológicos em populações americanas indicaram que os TA em crianças e adolescentes têm prevalência estimada de 8 a 12%. Muito maior, por exemplo que o TDAH, os TEA e os Transtornos de Humor, temas muito mais discutidos e debatidos.
Os sintomas de TA, são caracteristicamente internalizantes, ou seja, são mais vivenciados e sentidos por quem sofre do que observáveis por pessoas do convívio da criança. Muitas vezes a criança não sabe nomear o desconforto que está sentindo, verbalizando com frequência queixas físicas de dor de barriga, enjoo ou dor de cabeça. Quando mais velhos, se falam de medos, preocupações ou inseguranças não são levados a sério ou mesmo ridicularizados quando conseguem pedir ajuda. Assim sendo, é muito provável que as taxas de prevalência de TA sejam mais altas que as apontadas pela literatura.
Quando a ansiedade começa na infância ou na adolescência e não há tratamento adequado, há grande possibilidade de um comprometimento importante da qualidade de vida à medida que os anos vão passando.
Autoestima, auto-eficácia, assertividade, confiança nos relacionamentos e sensação de pertencimento são alguns dos componentes de um crescimento saudável diretamente afetados quando a ansiedade transforma os mínimos desafios do dia a dia em obstáculos intransponíveis desde cedo.
Em países que priorizam a educação e a intervenção precoce, a escola é um dos ambientes em que programas de prevenção universal destinados à população infanto juvenil são mais desenvolvidos.
Infelizmente no Brasil isso não é realidade. Há uma enorme carência de projetos para identificação e intervenção qualificadas, que começa na própria formação de professores.

Fonte: https://www.abenepi.org.br/wp-content/uploads/2020/04/ANSIEDADE-INFANCIA-E-ADOLESCENCIA.pdf
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