Nos momentos em que permanecerão com atividades livres, pode-se planejar atividades diversificadas, que tenham como objetivos a interação social, convívio familiar e reforço de habilidades cognitivas. Algumas sugestões são dadas a seguir.
Jogos: além de prazerosos e possibilitar a interação familiar, estes podem estimular funções corticais superiores importantes para o aprendizado global, tais como atenção, memória, funções executivas, afetividade, emoção e percepção. Existe no mercado diversas opções para todas as faixas etárias. Embora a preferência atual seja pelos jogos computadorizados, o resgate de jogos tradicionais pode ser divertido e possibilitar novas experiências às crianças e adolescentes.
Brincadeiras criativas: Massinhas, desenhos, pinturas (com lápis, tinta, giz de cera) e criação de variados jogos simbólicos, com o manuseio de materiais de diferentes texturas, são excelentes para o divertimento e desenvolvimento infantil. Os pais, então, devem abusar dos mesmos.
Leitura prazerosa: Estimular o hábito de leitura é tarefa dos pais. No entanto, atenção especial deve ser dada ao nível de dificuldade, faixa etária e etapa de escolarização dos filhos. Ressalta-se que, para que seja prazerosa, o leitor deve ter participação ativa na escolha do livro.
Cozinhar em família: além de divertido e introduzir conceitos relativos à responsabilidade no universo familiar, aprender e/ou auxiliar os pais a cozinharem estimula habilidades variadas relativas à leitura, interpretação de texto e aquisição de conceitos matemáticos. Nesse sentido, devem ser sempre estimuladas.
Filmes, vídeos e séries: este é sem dúvida um dos passatempos preferidos de crianças e adolescentes. Os pais, no entanto, devem monitorar este tipo de atividade, atentando-se para o tempo dispendido à mesma e para o tipo de produção que os filhos estão assistindo.
Atividades ao ar livre: pelo menos uma vez ao dia deve se oportunizar o desenvolvimento de atividades motoras ao ar livre, tais como andar de bicicleta, correr, saltar, caminhar, etc. Tão importante quanto atividades cognitivas direcionadas, estas são de extrema importância para o desenvolvimento da criança e do adolescente.
Interação social: Crianças e adolescentes estão acostumadas a viver em um ambiente social e o isolamento repentino pode ocasionar estresse ou outros comprometimentos psicológicos. Sendo assim, os pais devem permitir que seus filhos interajam e troquem experiências com seus pares, mesmo que à distância. A depender da idade, as redes sociais são um excelente recurso para tal, desde que devidamente monitorado pelos adultos. Além disso, o tempo dispendido nas mesmas não pode ser excessivo e não deve comprometer as atividades de estudo.
Por fim, é importante ter em mente que, se o momento atual é estressante para os adultos, é ainda mais difícil para crianças e adolescentes. Como seu sistema cognitivo e emocional não está plenamente desenvolvido, a maneira pela qual enfrentarão o problema dependerá em grande parte da conduta e manejo dos pais. A depender do tempo e da extensão do isolamento social, conflitos variados no contexto familiar podem surgir. Paciência e clareza de pensamento certamente auxiliarão os pais a contornarem as situações difíceis. Se necessário, deve-se procurar auxílio junto aos profissionais da saúde e educação, que lidam com a problemática da infância e adolescência. A ABENEPI se coloca à disposição da sociedade para, junto com a mesma, propor iniciativas que auxiliem a superação das dificuldades decorrentes desta pandemia que afeta o mundo.
Fonte: Sônia das Dores Rodrigues, psicopedagoga e psicomotricista, vice-presidente da ABENEPI – Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins